Lígia, 24 anos. A pior hora é quando eu lembro que tenho que entrar aqui e atualizar esse número mais uma vez.

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*terça-feira, 12 de junho de 2007

Ela entrou no ônibus e sentou na primeira cadeira, reservada para idosos, gestantes, deficientes físicos e mulheres portando crianças de colo. Mas duvido que se entrasse alguém que cumprisse um desses requisitos iriam ter coragem de mandar ela levantar.

Subiu com dificuldade e sentou com cuidado, equilibrando duas bolsas, uma pasta e um celular pendurado na orelha. Ela era gordinha, bem gordinha, e isso só dificultou o processo.

Mal colocou a bunda na cadeira, desatou a engatar uma conversa telefônica na outra. Às vezes, ela intercalava ligações para a mesma pessoa. No total, devem ter sido uns cinco ou seis interlocutores, umas dez ou doze chamadas.

Um deles devia ser um irmão. Podia ser uma irmã, mas por algum motivo eu presumi que fosse um irmão. Ela contava do terror de um depósito estornado pela Nossa Caixa. Era o pagamento do condomínio da mãe dela. 500 reais. Minha pobre cabecinha de pobre que mora em prédio de dois andares não pode conceber como alguém gasta 500 reais no condomínio. Mas enfim.


A coisa é que ela fez o depósito no dia 5, mas os filasdaputa do banco só avisaram do estorno ontem. A pobrezinha teve que tirar o dinheiro da aplicação para pagar o condomínio e ainda teve que arcar com multa por atraso. E ainda ia ter que tirar dinheiro da suada aplicação para pagar o mercado e a consulta médica da mãe. O resto, o irmão ficou de pagar.

E ela ainda teve que aguentar a grosseria da funcionária do banco. Também pudera. Quem passou o telefone dela pra o banco foi o ex-marido. O louco, louco, lou-co, LOUCO do ex-marido. A mulher do banco passou um carão.

Aí foi aquele sufoco. E ainda por cima, a mãe dela que não deixou os documentos em cima da mesa como ela pediu. A porra dos documentos, como ouviu o irmão (ou irmã). Mas ela ama a mãe dela, e isso é o que importa no final.

Nos curtos intervalos entre as chamadas (enquanto o próximo não atendia) ela bufava, suspirava, falava sozinha. Deve ter sido o baque da separação. Ela saiu de casa do ex-marido na sexta, e ainda precisava ir pegar as cartas e contas no prédio dele (na rua Aimberê), com o simpático porteiro. Como será que ela aguentou ficar casada com aquele LOU-CO?

Com o mesmo jeito desajeitado da subida, ela desceu do ônibus. Pela frente, não sei por quê. Eu desci no mesmo ponto, pela porta de trás. Quando passei do seu lado, vi pela primeira vez seu rosto. Bonita.

Pensei em dar um tapinha nas costas dela e dizer "relaxa, vai dar tudo certo". Mas deixei pra lá.


por Amelie às 19:41 | 5 comentários

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